Cover
Empieza ahora gratis AME 2.pdf
Summary
# Componentes e funções das emoções
As emoções são reações intensas e breves a estímulos específicos, compreendendo componentes fisiológicos, cognitivos, comportamentais, motivacionais e subjetivos, e desempenhando funções adaptativas, sociais e motivacionais [2](#page=2).
### 1.1 Componentes das emoções
As emoções são compostas por diversos elementos que interagem entre si [2](#page=2):
* **Componente Fisiológico:** Refere-se à ativação do sistema nervoso e às alterações corporais automáticas que ocorrem durante uma emoção. Inclui a regulação do Sistema Nervoso Autónomo (SNA), o controlo da libertação hormonal e as respostas viscerais, como o ritmo cardíaco. O hipotálamo desempenha um papel vital neste componente, sendo o "motor" das respostas de arousal. O tálamo atua como estação de retransmissão sensorial, encaminhando informação para o córtex e o sistema límbico [2](#page=2) [5](#page=5).
* **Dimensão Cognitiva:** Envolve a avaliação, interpretação e o significado atribuído aos estímulos que desencadeiam a emoção. As teorias cognitivas enfatizam que a experiência emocional resulta da avaliação que a pessoa faz de um estímulo [2](#page=2) [9](#page=9).
* **Expressão Comportamental:** Consiste nos sinais observáveis das emoções, que são geralmente expressivos, dirigidos a objetivos e adaptativos. A codificação das expressões faciais é um método de avaliação das emoções [2](#page=2) [3](#page=3).
* **Componente Motivacional:** Manifesta-se como uma tendência à ação, um impulso para agir em resposta à emoção. A relação entre emoções e motivação é bidirecional: o comportamento motivado gera reações emocionais, e as reações emocionais motivam comportamentos [2](#page=2).
* **Experiência Subjetiva:** É a vivência interna e consciente da emoção, o "sentir" de um estado emocional, como sentir medo ou alegria. O giro do cíngulo está envolvido na experiência subjetiva e na regulação emocional [2](#page=2) [5](#page=5).
> **Tip:** As emoções são geralmente automáticas e orientadas para a ação, possuindo valência (positiva ou negativa) e variando em intensidade (arousal) [2](#page=2).
### 1.2 Modelos de classificação das emoções
Existem diferentes modelos para entender como as emoções são organizadas e experimentadas:
#### 1.2.1 Modelo dimensional das emoções
Este modelo propõe que as emoções variam em duas dimensões contínuas [4](#page=4):
* **Arousal/Ativação:** O grau de excitação ou ativação que uma pessoa sente em relação a um estímulo, podendo ser elevado ou baixo [4](#page=4).
* **Valência:** O grau de prazer (positivo) ou desprazer (negativo) que uma pessoa sente em relação a um estímulo [4](#page=4).
> **Tip:** O modelo dimensional considera que as emoções podem ser representadas como uma combinação destas duas dimensões [5](#page=5).
#### 1.2.2 Modelo motivacional das emoções
As duas dimensões (arousal e valência) determinam a mobilização da atenção e a preparação para a ação [4](#page=4).
* **Valência positiva:** Está associada a um sistema apetitivo, que motiva a aproximação [4](#page=4).
* **Valência negativa:** Está associada a um sistema defensivo, que motiva o afastamento ou a evitação [4](#page=4).
* **Arousal:** Determina o grau de ativação do sistema motivacional, preparando o organismo para a ação [4](#page=4).
### 1.3 Substrato Neural das emoções
O processamento das emoções envolve uma rede complexa de estruturas cerebrais, desde as mais profundas até às regiões corticais superiores [5](#page=5):
* **Hipotálamo:** Controla a resposta fisiológica e o arousal, regulando o Sistema Nervoso Autónomo (SNA) e as respostas viscerais [5](#page=5).
* **Tálamo:** Funciona como uma estação de retransmissão sensorial, encaminhando informação rapidamente para o córtex e o sistema límbico. É crucial para a teoria talâmica/Cannon-Bard, permitindo resposta e experiência simultâneas [5](#page=5).
* **Amígdala:** É essencial para o alarme e a memória emocional, especialmente o medo, sendo fundamental nas emoções primárias e inatas. Avalia rapidamente a valência emocional dos estímulos e é crucial para o condicionamento do medo [5](#page=5).
* **Hipocampo:** Responsável pela memória contextual e explícita de eventos emocionais, fornecendo o contexto de onde e quando uma emoção ocorreu [5](#page=5).
* **Giro do cíngulo (Cingulate gyrus):** Envolvido na experiência subjetiva e regulação emocional, na avaliação da valência, e faz a ligação entre emoção e cognição [5](#page=5).
* **Corpo caloso:** Facilita a comunicação inter-hemisférica, influenciando a integração emocional-cognitiva [5](#page=5).
### 1.4 Perspetivas teóricas sobre as emoções
Diversas teorias explicam a origem e o funcionamento das emoções:
#### 1.4.1 Perspectiva Evolutiva
As emoções desempenham um papel central na adaptação evolutiva, preparando o organismo para reagir a determinados estímulos de forma pré-organizada. São universais e servem funções específicas [6](#page=6).
#### 1.4.2 Teoria Periférica (James-Lange)
Propõe que as emoções são o resultado da perceção das mudanças corporais que ocorrem em resposta a um estímulo. A ordem causal é: Estímulo $\rightarrow$ Resposta Fisiológica $\rightarrow$ Emoção [6](#page=6).
#### 1.4.3 Teoria Talâmica (Cannon-Bard)
Argumenta que as emoções e as respostas fisiológicas ocorrem simultaneamente, desencadeadas pela ativação do tálamo. A ordem causal é: Estímulo $\rightarrow$ Tálamo $\rightarrow$ Emoção + Resposta Fisiológica (simultâneas) [6](#page=6).
#### 1.4.4 Circuito Papez
Identifica um circuito anatómico envolvendo o hipocampo, fórnix, hipotálamo, núcleos anteriores do tálamo e giro do cíngulo, como base orgânica para as emoções, integrando memória, cognição e reatividade fisiológica [7](#page=7).
#### 1.4.5 Cérebro Trino (Paul MacLean)
Divide o cérebro em três camadas evolutivas (Reptiliano, Límbico, Neocórtex), onde o sistema límbico atua como mediador entre os impulsos instintivos e as capacidades cognitivas [8](#page=8).
#### 1.4.6 Teoria Bifatorial (Schachter & Singer)
Sugere que a experiência emocional requer arousal fisiológico inespecífico e uma avaliação cognitiva para rotular esse arousal. A ordem causal é: Estímulo $\rightarrow$ Arousal (inespecífico) $\rightarrow$ Avaliação Cognitiva $\rightarrow$ Emoção [9](#page=9).
#### 1.4.7 Teoria da Avaliação Cognitiva (Arnold e Lazarus)
Enfatiza que as emoções resultam da avaliação cognitiva (appraisal) dos estímulos, que precede a emoção. O conceito de appraisal envolve a interpretação, o significado atribuído e a relevância percebida das situações [9](#page=9).
#### 1.4.8 Perspectiva Socioconstrutivista das Emoções
Considera as emoções como construções sociais moldadas pela cultura e interações sociais, variando entre culturas [10](#page=10).
* **Teoria das Expressões Faciais Universais (Paul Ekman):** Propõe que as expressões faciais das emoções básicas (alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa, aversão) são inatas e universais, embora a cultura module as regras de exibição ("display rules") [10](#page=10).
#### 1.4.9 Perspectiva Neuropsicológica (António Damásio)
Argumenta que a emoção é central para a razão e a tomada de decisões, contrapondo o dualismo cartesiano. Défices no comportamento emocional prejudicam a tomada de decisões racionais [10](#page=10).
### 1.5 Funções das emoções
As emoções desempenham várias funções essenciais:
* **Função Adaptativa:** Preparam o organismo para uma ação eficaz perante os desafios do ambiente, promovendo a sobrevivência [2](#page=2).
* **Função Social:** Permitem expressar o estado afetivo, facilitam a interação social e ajudam as pessoas a prever o comportamento umas das outras [2](#page=2).
* **Função Motivacional:** As emoções motivam comportamentos, direcionando a ação e a busca por objetivos [2](#page=2).
### 1.6 Distinções entre emoções, sentimentos e humor
É importante diferenciar estes conceitos relacionados:
* **Emoção:** Reações intensas e breves a estímulos específicos, envolvendo componentes fisiológicos, cognitivos, comportamentais, motivacionais e subjetivos [2](#page=2).
* **Sentimentos:** Experiência subjetiva, mental e privada das emoções. Podem persistir por mais tempo e influenciar o comportamento. São interpretações do estado emocional [2](#page=2).
* **Humor:** Um estado emocional mais duradouro e difuso, que influencia o comportamento e a percepção ao longo do dia [2](#page=2).
### 1.7 Tipos de emoções
As emoções podem ser classificadas de diferentes formas:
* **Emoções Primárias:** Disposições inatas para responder a certas classes de estímulos, controladas pelo sistema límbico. Exemplos incluem alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa e nojo [10](#page=10) [11](#page=11).
* **Emoções Secundárias (aprendidas):** Envolvem a categorização de representações de estímulos associadas a experiências passadas e são avaliadas como boas ou más. Seu substrato neural inclui o córtex cerebral e o sistema límbico [11](#page=11).
### 1.8 Métodos de avaliação das emoções
As emoções podem ser avaliadas através de diversas técnicas [3](#page=3):
* Entrevistas
* Questionários e escalas de autorrelato
* Codificação de respostas emocionais
* Estudos observacionais
* Codificação das expressões faciais
* Medidas do sistema nervoso autónomo
* Análises hormonais
* Técnicas de neuroimagem (estudo do funcionamento cerebral)
* Estudos transculturais e análise de redes sociais
---
# Teorias e modelos da emoção
Este tópico explora as diversas perspetivas teóricas que buscam explicar a origem, o funcionamento e a experiência das emoções, abrangendo desde abordagens periféricas e talâmicas até modelos cognitivos e socioconstrutivistas.
### 2.1 Modelos dimensionais e motivacionais
As emoções podem ser compreendidas através de dimensões contínuas. O modelo circumplexo as descreve segundo duas dimensões principais [4](#page=4):
* **Arousal/Ativação:** Refere-se ao grau de excitação ou ativação sentida em relação a um estímulo, variando de baixa a elevada [4](#page=4).
* **Valência:** Indica o grau de prazer que uma pessoa sente em relação a um estímulo, podendo ser positiva ou negativa [4](#page=4).
O modelo motivacional das emoções postula que estas duas dimensões determinam a mobilização da atenção e a preparação para a ação. A valência positiva está associada a um sistema apetitivo que motiva a aproximação, enquanto a valência negativa está ligada a um sistema defensivo que motiva o afastamento ou a evitação. O nível de arousal, por sua vez, determina o grau de ativação do sistema motivacional, preparando o indivíduo para a ação [4](#page=4).
### 2.2 Perspectiva evolutiva
A perspetiva evolutiva considera as emoções como elementos centrais na adaptação do ser humano ao ambiente, auxiliando na procura de alimento e abrigo. Acredita-se que estamos programados para reagir de forma pré-organizada a estímulos específicos quando determinadas características são detetadas. As emoções são vistas como tendo funções específicas e um caráter universal [6](#page=6).
### 2.3 Teorias clássicas da emoção
#### 2.3.1 Teoria periférica (James-Lange, 1884)
Esta teoria postula que as emoções são o resultado da perceção das mudanças corporais que ocorrem em resposta a um estímulo. As reações fisiológicas periféricas são vistas como a causa direta da experiência emocional. A famosa citação "Não choramos porque estamos tristes, mas estamos tristes porque choramos" ilustra esta perspetiva. A ordem causal proposta é: Estímulo $\rightarrow$ resposta fisiológica $\rightarrow$ emoção [6](#page=6).
#### 2.3.2 Teoria talâmica (Cannon-Bard)
Em contrapartida à teoria periférica, Cannon e Bard argumentaram que as emoções não dependem das respostas corporais. Segundo esta teoria, um impulso nervoso ativa o tálamo, que simultaneamente envia informações para o córtex cerebral (gerando a experiência subjetiva da emoção) e para o hipotálamo (provocando as alterações neurovegetativas periféricas). Assim, a emoção e a resposta fisiológica ocorrem de forma simultânea. A ordem causal é: Estímulo $\rightarrow$ Tálamo $\rightarrow$ emoção + resposta fisiológica (simultâneas) [6](#page=6).
#### 2.3.3 Circuito Papez (James Papez, 1937)
Papez propôs uma base anatómica para as emoções, descrevendo um circuito de estruturas interligadas responsável pela expressão e experiência emocional. Este circuito envolve o hipocampo, fórnix, hipotálamo, fascículo mamilotalâmico, núcleos anteriores do tálamo e o giro do cíngulo. O circuito é fundamental para a formação e recuperação de memórias emocionais, bem como para a consolidação de memória de longo prazo. A interação entre o córtex e o hipotálamo é considerada necessária para a perceção consciente da emoção [7](#page=7).
#### 2.3.4 Cérebro Trino (Paul MacLean, 1970)
MacLean expandiu as bases anatómicas das emoções com a hipótese do Cérebro Trino, sugerindo que o cérebro humano evoluiu em três camadas sobrepostas que funcionam de forma integrada [7](#page=7):
1. **Cérebro Reptiliano (R-Complex):** Inclui o tronco cerebral e os gânglios da base. É responsável pelos instintos de sobrevivência, comportamentos automáticos e reflexos, e regulação de funções vitais [8](#page=8).
2. **Sistema Límbico (Cérebro Paleomamífero):** Compreende a amígdala, hipocampo, hipotálamo e giro do cíngulo. Domina as emoções, memória emocional, vínculos sociais e motivação, atuando como ponte entre impulsos instintivos e a experiência subjetiva da emoção [8](#page=8).
3. **Neocórtex (Cérebro Neomamífero):** Inclui o córtex cerebral, especialmente os lobos frontais. É responsável pelo raciocínio lógico, linguagem, tomada de decisões complexas, pensamento abstrato e avaliação cognitiva das emoções [8](#page=8).
O cérebro emocional (sistema límbico) media a interação entre os impulsos instintivos (reptiliano) e as capacidades cognitivas (neocórtex), reforçando a origem inata e a função adaptativa das emoções [8](#page=8).
> **Exemplo:** Uma visão de um movimento na vegetação pode desencadear um reflexo de fuga (cérebro reptiliano), seguido de medo e ansiedade (sistema límbico), sendo posteriormente avaliado e regulado pelo córtex se for apenas um arbusto (neocórtex) [8](#page=8).
### 2.4 Perspectiva Cognitiva das Emoções
#### 2.4.1 Teoria Bifatorial (Schachter & Singer, 1962)
Esta teoria integra a perspetiva fisiológica com um componente cognitivo. A experiência emocional requer dois fatores: um arousal fisiológico inespecífico e uma avaliação cognitiva que rotule esse arousal. A ordem causal proposta é: Estímulo $\rightarrow$ arousal (inespecífico) $\rightarrow$ avaliação cognitiva $\rightarrow$ emoção [9](#page=9).
#### 2.4.2 Teoria da Avaliação Cognitiva (Arnold e Lazarus, 1962)
Segundo esta teoria, as emoções surgem da avaliação cognitiva (appraisal) dos estímulos. A avaliação, que é primária e precede a emoção, envolve interpretar, atribuir significado e determinar a relevância e ameaça de uma situação. Esta avaliação determina o tipo e a intensidade da emoção. A ordem causal é: Estímulo $\rightarrow$ avaliação cognitiva (appraisal) $\rightarrow$ emoção [9](#page=9).
> **Exemplo:** Um carro a vir em alta velocidade (estímulo) é avaliado como um "perigo real" (appraisal), desencadeando medo (emoção) [9](#page=9).
### 2.5 Perspectiva Socioconstrutivista das Emoções
Esta perspetiva defende que as emoções são construções sociais, moldadas pela cultura, interações e contexto social. As emoções variam entre culturas, e cada cultura possui uma linguagem emocional própria [10](#page=10).
#### 2.5.1 Teoria das Expressões Faciais Universais (Paul Ekman)
Ekman propôs que as expressões faciais das emoções básicas são inatas e universalmente reconhecidas, com funções adaptativas para a comunicação e sobrevivência. Estudos transculturais confirmaram que a capacidade de produzir e reconhecer expressões emocionais básicas como alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa e aversão é geneticamente herdada. Contudo, a cultura influencia as "display rules" (regras de exibição), que determinam quando, com quem e em que contexto certas emoções podem ser expressas [10](#page=10).
#### 2.5.2 Perspectiva Neuropsicológica das Emoções (António Damásio)
Damásio contrapõe o dualismo cartesiano, argumentando que a mente é fruto do cérebro e que as emoções são centrais para a razão. Ele sugere que o quadro referencial das emoções seleciona opções de comportamento, e défices no comportamento emocional podem dificultar a tomada de decisões racionais [10](#page=10).
> **Tip:** Ao estudar as teorias da emoção, note como elas evoluem desde explicações puramente fisiológicas até integrarem cada vez mais processos cognitivos e influências sociais e culturais. A interação entre cérebro, corpo e ambiente é um tema recorrente.
---
# Aprendizagem e teorias associadas
Este tópico explora o conceito de aprendizagem, suas raízes históricas e psicológicas, com um foco detalhado nos modelos de condicionamento clássico, indireto e instrumental.
### 3.1 Conceito de aprendizagem
A aprendizagem é definida como uma mudança duradoura no comportamento ou na capacidade de agir de uma determinada forma, resultante da prática ou de outras experiências. Esta mudança não é diretamente observável, mas sim inferida através das alterações no comportamento. É importante notar que a aprendizagem não dura para sempre, podendo ser esquecida, e exclui mudanças decorrentes de processos maturativos ou desenvolvimentais, como o gatinhar ou o desenvolvimento da fala [12](#page=12).
### 3.2 Perspetiva histórica da aprendizagem
#### 3.2.1 Perspetiva Filosófica
A compreensão da aprendizagem tem raízes em diferentes correntes filosóficas:
* **Racionalismo:** Enfatiza a mente como a fonte primária do conhecimento, associada a teorias cognitivas. Filósofos como Platão, Descartes e Kant são exemplos desta corrente [12](#page=12).
* **Empirismo:** Postula que a experiência é a origem fundamental do conhecimento, ligada a teorias comportamentalistas. Aristóteles, Locke, Berkeley, Hume e Mill são expoentes desta visão [12](#page=12).
#### 3.2.2 Perspetiva Psicológica
No âmbito da psicologia, a aprendizagem foi abordada por diferentes escolas de pensamento:
* **Estruturalismo:** Fundado por Wundt e Titchener, focava-se em estudar a estrutura da mente através da introspeção, dividindo a consciência em elementos básicos como sensações e perceções [12](#page=12).
* **Funcionalismo:** Representado por James e Dewey, interessava-se mais pela função da mente e a sua adaptação ao ambiente do que pela sua estrutura. A consciência era vista como contínua e indivisível [12](#page=12).
* **Comportamentalismo:** Esta perspetiva argumenta que a experiência molda o comportamento, desconsiderando processos internos ou instintivos [12](#page=12).
### 3.3 Teorias associadas à aprendizagem
#### 3.3.1 Condicionamento Clássico (Pavlov)
O condicionamento clássico é um processo de aprendizagem onde uma resposta involuntária é adquirida pela associação entre dois estímulos [12](#page=12).
* **Componentes:**
* **Estímulo Incondicionado (UCS):** Um estímulo que evoca naturalmente uma resposta incondicionada [12](#page=12).
* **Resposta Incondicionada (UCR):** A resposta natural e automática evocada pelo UCS [12](#page=12).
* **Estímulo Neutro (NS):** Um estímulo que, inicialmente, não evoca a resposta de interesse [12](#page=12).
* **Estímulo Condicionado (CS):** Um estímulo neutro que, após repetidas associações com o UCS, passa a evocar uma resposta semelhante à UCR [12](#page=12).
* **Resposta Condicionada (CR):** A resposta evocada pelo CS após o condicionamento [12](#page=12).
* **Processo:** A apresentação de um Estímulo Neutro em conjunto com um Estímulo Incondicionado (seja ele positivo ou aversivo) leva a uma resposta de prazer/aproximação ou medo/evitamento, respetivamente. Com repetição, o Estímulo Neutro (agora CS) passa a evocar uma resposta condicionada (CR) [12](#page=12).
* **Fatores que influenciam o condicionamento clássico:**
* **Contiguidade:** A proximidade temporal e espacial entre o CS e o UCS. A antecedência do CS sobre o UCS é mais eficaz [13](#page=13).
* **Contingência:** A probabilidade de ocorrência do UCS na presença do CS [13](#page=13).
* **Predisposição Biológica (Preparedness):** Uma predisposição inata para formar certas associações, como aversões gustativas a alimentos associados a mal-estar. A aprendizagem é mais provável se o CS partilha uma modalidade sensorial natural com a consequência [13](#page=13).
* **Intensidade dos Estímulos:** Estímulos mais salientes produzem um condicionamento mais forte e uma CR mais intensa [13](#page=13).
* **Ofuscação:** Quando dois estímulos neutros são apresentados juntos, o mais saliente torna-se o CS principal, enquanto o menos saliente pode não ser condicionado [13](#page=13).
* **Inibição Latente:** Um estímulo, mesmo saliente, que é apresentado repetidamente sem o UCS, torna-se mais resistente ao condicionamento posterior [14](#page=14).
* **Previsibilidade:** Um estímulo menos saliente pode gerar melhor aprendizagem se for um preditor mais fiável do UCS [14](#page=14).
* **Efeito de Contexto:** A influência do ambiente no condicionamento, como observado na tolerância a drogas [13](#page=13).
* **Aplicações:** Fobias e aversões alimentares são exemplos de aplicações do condicionamento clássico [14](#page=14).
#### 3.3.2 Outros tipos de condicionamento
* **Condicionamento de 2.ª ordem:** Um estímulo já condicionado (CS1) serve para condicionar um novo estímulo (CS2). Isso permite a formação de cadeias de associações [14](#page=14).
* **Condicionamento Vicariante (ou por Observação):** A aprendizagem ocorre pela observação das ações e das consequências que acontecem a outros, sem necessidade de experiência direta [14](#page=14).
#### 3.3.3 Condicionamento Instrumental (Thorndike)
Thorndike propôs que a aprendizagem envolve a formação de associações entre experiências sensoriais e comportamentos [14](#page=14).
* **Princípios:**
* Envolve uma situação problemática com um objetivo a ser alcançado [14](#page=14).
* Existem várias respostas possíveis (ações instrumentais), algumas satisfatórias e outras não [14](#page=14).
* A seleção da resposta é determinada pelas suas consequências [14](#page=14).
* **Motivo (drive):** Uma tensão decorrente de necessidades, essencial para a aprendizagem [14](#page=14).
* **Estímulo/Objetivo:** A causa do comportamento, como a fome para obter comida [14](#page=14).
* **Respostas:** Comportamentos dirigidos a alcançar o objetivo [14](#page=14).
* O processo ocorre por **tentativa-erro**, onde respostas aleatórias podem levar ao sucesso, levando à seleção da resposta adequada e à eliminação das inadequadas (fixação) [14](#page=14).
* **Princípios do Condicionamento Instrumental (Thorndike):**
* **Princípio da Prontidão (Law of Readiness):** O organismo deve estar pronto e motivado para aprender. Se não houver motivação ou relevância, a aprendizagem não será eficaz [15](#page=15).
* **Princípio do Exercício (Law of Exercise):** A força da associação entre um estímulo e uma resposta correlaciona-se com a frequência da resposta. Quanto mais exercitado, mais forte a conexão [15](#page=15).
* **Princípio da Resposta Múltipla ou Tentativa Erro (Law of Multiple Response):** Diante de um problema, o organismo utiliza várias respostas até encontrar uma bem-sucedida [15](#page=15).
* **Princípio da Analogia (Law of Analogy):** Experiências passadas podem ser aplicadas a novas situações, aumentando a eficiência da aprendizagem [15](#page=15).
#### 3.3.4 Condicionamento Operante (Skinner)
O condicionamento operante, desenvolvido por Skinner, foca-se em como as consequências do comportamento determinam a probabilidade de ele se manifestar novamente. A resposta não é garantida, mas sim determinada pelos efeitos que produz [15](#page=15).
* **Tipos de Consequências:**
* **Reforço:** Aumenta a probabilidade de um comportamento [15](#page=15).
* **Reforço Positivo:** Adiciona algo agradável (ex: elogio, recompensa) [15](#page=15).
* **Reforço Negativo:** Remove algo aversivo (ex: alívio) [15](#page=15).
* **Punição:** Diminui a probabilidade de um comportamento [15](#page=15).
* **Punição Positiva:** Adiciona algo aversivo (ex: repreensão) [15](#page=15).
* **Punição Negativa:** Retira algo agradável (ex: perda de privilégio) [15](#page=15).
* **Tipos de Estímulo/Consequência:**
* **Primário:** Propriedades de reforço ou punição inatas [15](#page=15).
* **Secundário (ou Condicionado):** Adquire propriedades de reforço ou punição pela associação com reforços ou punições primários [15](#page=15).
* **Fatores que influenciam o condicionamento operante:**
* **Contiguidade e Frequência:** Quanto mais próxima a consequência do comportamento e quanto maior a sua frequência, mais rápida é a aprendizagem e mais facilmente é mantida [16](#page=16).
* **Esquemas de Reforço:**
* **Reforço Contínuo:** Reforço após cada resposta. Aprendizagem rápida, mas extinção também rápida quando o reforço cessa [16](#page=16).
* **Reforço Parcial (Intermitente):** Torna a resposta mais resistente à extinção. Inclui [16](#page=16):
* **Razão Fixa:** Reforço após um número fixo de respostas [16](#page=16).
* **Razão Variável:** Reforço após um número variável de respostas [16](#page=16).
* **Intervalo Fixo:** Reforço após um período fixo de tempo [16](#page=16).
* **Intervalo Variável:** Reforço após um período de tempo variável [16](#page=16).
* **Experiências Passadas:** Influenciam a aprendizagem [16](#page=16).
* **Extinção:** A ausência ou retirada do reforço leva à extinção do comportamento [16](#page=16).
* **Modificação de Comportamentos:**
* **Promover comportamentos novos e complexos:** Através de **aproximações sucessivas (shaping)** [16](#page=16).
* **Diminuir a frequência, duração ou intensidade de comportamentos:** Utilizando punição e extinção [17](#page=17).
### 3.4 Dimensão Cognitiva da Aprendizagem
A perspetiva cognitiva enfatiza que a essência do que é aprendido é a cognição, e não apenas a resposta comportamental [17](#page=17).
* **Aprendizagem Latente:** A aprendizagem pode ocorrer sem manifestação imediata do comportamento e sem reforço direto. O conhecimento adquirido pode ser utilizado posteriormente quando necessário [17](#page=17).
* **Aprendizagem ≠ Comportamento (Desempenho):** A aprendizagem refere-se à aquisição de conhecimento, enquanto o desempenho é a demonstração desse conhecimento, que pode ser influenciado por fatores como motivação, interesse, incentivos e pressões sociais. O reforço (ou a perceção dele) afeta o desempenho, mas não necessariamente a aprendizagem em si [17](#page=17) [19](#page=19).
* **Comportamento Dirigido a Objetivos:** A aprendizagem e o comportamento são orientados por metas específicas. O reforço motiva, mas não é estritamente necessário para a aprendizagem dos comportamentos [17](#page=17).
#### 3.4.1 Perspetiva Cognitiva sobre os Processos de Condicionamento
Os processos mentais ativos desempenham um papel crucial na formação de associações, não se tratando apenas de respostas automáticas a estímulos [17](#page=17).
* **Expectativas e Previsões:** Os indivíduos aprendem a prever eventos com base em experiências passadas. A resposta condicionada (CR) é vista como um sinal da iminência do estímulo incondicionado (UCS), e a CR e a RI não são idênticas [18](#page=18).
* **Representações Mentais:** Organismos formam mapas cognitivos ou representações mentais do ambiente, que auxiliam na aprendizagem e no comportamento futuro [18](#page=18).
* **Processos de Atenção:** A capacidade de focar a atenção em estímulos relevantes e ignorar os irrelevantes é fundamental para a formação de associações eficazes. Estímulos que captam mais atenção são mais memoráveis e associáveis [18](#page=18).
* **Integração de Experiências:** Múltiplas experiências são integradas para formar associações. Os indivíduos avaliam a consistência e relevância dos estímulos. A contingência entre estímulos (condicionamento clássico) depende da comparação entre possibilidades, enquanto no condicionamento instrumental, depende da relação entre o comportamento e as consequências. A experiência de controle sobre o ambiente é vital para a aprendizagem e motivação [18](#page=18).
* **Learned Helplessness (Desamparo Aprendido):** Seligman demonstrou que a experiência com eventos stressantes repetidos e incontroláveis pode levar a um sentimento de impotência [18](#page=18) .
* **Causas:** Eventos incontroláveis, traumas, experiências adversas na infância (abuso, negligência, excesso de proteção) [18](#page=18).
* **Sinais e Sintomas:** Desistência perante desafios, procrastinação, anestesia emocional [18](#page=18).
* **Terapia Comportamental:** O sentimento de impotência pode ser desaprendido, promovendo a recuperação do sentido de controlo e o questionamento de crenças de impotência [19](#page=19).
### 3.5 Dimensão Social da Aprendizagem
A aprendizagem também possui uma forte componente social e observa-se através da observação e da interação [19](#page=19).
* **Aprendizagem por Observação/Vicariante:** Permite a aprendizagem sem reforço direto, acelerando o processo e evitando consequências negativas. A maioria dos comportamentos complexos resulta de uma combinação de observação e aprendizagem ativa [19](#page=19).
* **Aprendizagem Ativa:** Ocorre a partir das consequências das próprias ações. Comportamentos com consequências positivas são retidos, enquanto os negativos são aprimorados ou abandonados. As consequências servem como informação e motivação. As cognições, e não apenas as consequências, determinam o que as pessoas aprendem e buscam [19](#page=19).
#### 3.5.1 Processos envolvidos na Aprendizagem por Observação
Fatores sociais influenciam a aprendizagem por observação, baseada em teorias sociais cognitivas do pensamento e da ação [20](#page=20).
> **Tip:** É fundamental distinguir entre aprendizagem (aquisição de conhecimento) e desempenho (manifestação desse conhecimento). Fatores como motivação e incentivos influenciam o desempenho, mas não necessariamente a aprendizagem subjacente [19](#page=19).
---
# Motivação e suas teorias
A motivação é um mecanismo interno que direciona o comportamento para atingir objetivos, explicando por que as pessoas iniciam, continuam ou desistem de ações, sendo moldada por fatores internos e externos e podendo ser de aproximação ou evitação [23](#page=23).
### 4.1 Definição e indicadores da motivação
A motivação é definida como um mecanismo ou processo interno que dirige o comportamento para atingir metas e objetivos, explicando o início, a continuidade ou o abandono de ações. Ela é influenciada por fatores internos (biológicos, emocionais, sociais e cognitivos) e externos (recompensas ou reconhecimento), podendo manifestar-se em termos de aproximação ou evitação e variando em intensidade e duração [23](#page=23).
A avaliação de indicadores diretos e indiretos é fundamental para compreender o envolvimento real dos indivíduos [23](#page=23).
#### 4.1.1 Indicadores comportamentais
Comportamentos evidentes, como empenho, participação ativa e persistência, revelam motivação nas tarefas realizadas [23](#page=23).
#### 4.1.2 Indicadores emocionais
Atitudes como satisfação, entusiasmo e comentários refletem motivação, mesmo quando ações diretas não são observadas [23](#page=23).
#### 4.1.3 Indicadores cognitivos
Processos cognitivos e desempenho, como atenção e resolução de problemas, servem como indicadores do envolvimento motivacional [23](#page=23).
### 4.2 Teoria da hierarquia das necessidades de Maslow
Maslow classificou as necessidades humanas básicas em cinco categorias inatas e universais, organizadas hierarquicamente [23](#page=23).
#### 4.2.1 Princípios fundamentais
As necessidades de nível inferior são mais potentes e devem ser satisfeitas antes que as de nível superior se tornem motivadores significativos. Quanto mais satisfeitas as necessidades básicas, melhor a saúde psicológica do indivíduo [24](#page=24).
As necessidades de nível inferior incluem:
* Necessidades fisiológicas (comer, beber, dormir)
* Necessidades de segurança (abrigo, estabilidade)
* Necessidades sociais (amor, pertencimento)
* Necessidades de estima (reconhecimento, respeito)
As necessidades de nível superior são as de autorrealização [24](#page=24).
#### 4.2.2 Meta-necessidades (necessidades do ser)
Acima das necessidades básicas, as meta-necessidades enriquecem a vida para além da mera sobrevivência e bem-estar psicológico, incluindo a busca por valores como verdade, bondade, beleza, unidade, integridade, justiça, singularidade, alegria, criatividade, significado e transcendência. Elas são motivadores de crescimento, e sua não satisfação pode levar a metapatologias como desânimo, depressão, alienação e sofrimento emocional [24](#page=24).
> **Tip:** A hierarquia de Maslow é intuitivamente apelativa e foca no que motiva os indivíduos, mas a ordem das necessidades não é universal, variando entre pessoas e culturas. Além disso, a teoria tende a ter um foco excessivo no indivíduo, negligenciando a importância das necessidades de pertença a grupos sociais [24](#page=24).
#### 4.2.3 Avaliação
A teoria é criticada por não ser universal, por focar excessivamente no indivíduo e por tratar fatores sociais, econômicos e culturais como fixos [24](#page=24).
### 4.3 Orientação da motivação
A motivação pode ser orientada de duas formas principais:
#### 4.3.1 Motivação extrínseca
Impulsionada por fatores externos ao indivíduo, com foco em recompensas recebidas ou consequências da ação [25](#page=25).
#### 4.3.2 Motivação intrínseca
Ocorre para realizar uma atividade baseada em fatores internos, como interesse pessoal, satisfação e prazer na própria tarefa. O comportamento é orientado pelo desejo de experimentar prazer, curiosidade ou sentimento de realização que advém da atividade em si, sem a necessidade de recompensas externas [25](#page=25).
> **Tip:** As recompensas externas podem ter efeitos na motivação intrínseca, por vezes diminuindo-a [25](#page=25).
### 4.4 Temas/Conceitos comuns na motivação
#### 4.4.1 Competência
Refere-se às convicções dos indivíduos sobre sua capacidade de ter sucesso numa tarefa ou domínio específico [25](#page=25).
#### 4.4.2 Valor
Diz respeito à importância percebida ou ao resultado antecipado de uma tarefa de aprendizagem [25](#page=25).
#### 4.4.3 Atribuições
São as explicações causais que os aprendizes formulam para justificar os resultados de uma atividade, influenciando emoções e motivação para ações futuras [25](#page=25).
### 4.5 Interações entre indivíduos e o contexto
A motivação não é puramente um fenômeno individual, mas é moldada pela interação recíproca entre o indivíduo e seu ambiente social [26](#page=26).
### 4.6 Teorias da motivação
Várias teorias oferecem diferentes perspectivas sobre como os indivíduos são motivados.
#### 4.6.1 Teorias de auto-determinação (Deci, Ryan)
Defendem que o desempenho e o bem-estar ideais resultam de ações motivadas por interesses intrínsecos ou por valores extrínsecos que foram integrados e internalizados [26](#page=26).
##### 4.6.1.1 Componentes-chave
* **Motivação Extrínseca:**
* Regulação Externa: Para obter recompensa ou evitar punição [26](#page=26).
* Regulação Introjetada: Para evitar culpa/ansiedade ou aumentar a autoestima [26](#page=26).
* Regulação Identificada: Metas valorizadas porque são pessoalmente importantes ou úteis [26](#page=26).
* Regulação Integrada: Valores externos assimilados e congruentes com o sentido de self e identidade [26](#page=26).
* **Motivação Intrínseca:** Realizar algo por prazer e interesse inerente [26](#page=26).
* **Necessidades Psicossociais Básicas:**
* Autonomia: Sentir-se no controle das próprias ações e decisões [26](#page=26).
* Competência: Sentir-se eficaz e capaz de dominar desafios [26](#page=26).
* Relacionamento: Sentir-se conectado e pertencente a outros [26](#page=26).
* **Internalização e Integração:** Processo pelo qual influências externas se transformam em motivações autodeterminadas, promovido pela satisfação das três necessidades básicas [26](#page=26).
#### 4.6.2 Teoria da expectativa-valor (Eccles, Wigfield)
A motivação para uma tarefa é uma função da expectativa de sucesso e do valor atribuído à tarefa [26](#page=26).
##### 4.6.2.1 Componentes-chave
* **Expectativa de Sucesso:** Convicção do indivíduo de que será bem-sucedido se tentar, influenciada por objetivos, autoconceito e dificuldade percebida da tarefa [26](#page=26).
* **Valor da Tarefa:** Grau de importância pessoal, valor ou interesse intrínseco percebido na realização da tarefa [26](#page=26).
* Interesse/Valor Intrínseco: Prazer na tarefa em si [26](#page=26).
* Utilidade/Valor Extrínseco: Quão útil a tarefa é para objetivos futuros [26](#page=26).
* Importância/Valor de Realização: Quão importante a tarefa é para a identidade ou autoconceito do indivíduo [26](#page=26).
* Custos de Oportunidade: O que se sacrifica ao se dedicar a essa tarefa [26](#page=26).
#### 4.6.3 Teoria da atribuição (Weiner)
As explicações causais inconscientes para os resultados influenciam as emoções e a motivação em tarefas futuras [27](#page=27).
##### 4.6.3.1 Componentes-chave
* **Atribuições (Causas Percebidas):** Habilidade, esforço, sorte, dificuldade da tarefa, humor, saúde, outras pessoas, etc. [27](#page=27).
* **Dimensões das atribuições:**
* Locus: Interno ou externo [27](#page=27).
* Estabilidade: Fixo (improvável de mudar) ou Instável (provável de mudar) [27](#page=27).
* Controlabilidade: Dentro do controlo do indivíduo ou fora do controlo do indivíduo [27](#page=27).
* **Impacto:** As atribuições influenciam a expectativa de sucesso futura (via estabilidade) e as respostas emocionais e o valor da tarefa (via locus e controlabilidade) [27](#page=27).
#### 4.6.4 Teoria Socio-Cognitiva (Bandura, Schunk, Zimmerman)
A aprendizagem e o desempenho humano resultam de interações recíprocas entre fatores pessoais, comportamentais e ambientais, sendo a autoeficácia o principal motor da ação motivada [27](#page=27).
##### 4.6.4.1 Componentes-chave
* **Determinismo Recíproco Triádico:** Fatores Pessoais (convicções, expectativas, atitudes), Fatores Comportamentais e Fatores Ambientais (social e físico) interagem mutuamente [27](#page=27).
* **Autoeficácia:** Julgamento subjetivo da própria capacidade de aprender ou desempenhar num nível específico. É dinâmica e específica para a tarefa, domínio e contexto [27](#page=27).
* Fontes de Autoeficácia: Experiências de domínio (sucesso/insucesso anterior), modelagem (observação de outros), persuasão verbal, informações fisiológicas e emocionais [27](#page=27).
* **Expectativas de Resultado:** Convicção de que certas ações levarão a determinados resultados [27](#page=27).
* **Autorregulação:** Processo cíclico de gestão de objetivos pessoais através de feedback autogerado (antecipação, desempenho, autorreflexão) [27](#page=27).
#### 4.6.5 Teoria de orientação para metas/objetivos (Dweck, Ames, Elliot, Harackiewicz)
O envolvimento está relacionado com preocupações sobre o domínio do conteúdo (metas de domínio) ou sobre o desempenho superior a outros/evitar o insucesso (metas de desempenho) [28](#page=28).
##### 4.6.5.1 Componentes-chave
* **Teorias Implícitas da Inteligência (Mentalidades):**
* Mentalidade Fixa: Inteligência/habilidade é estática; o sucesso advém do talento e leva a metas de desempenho [28](#page=28).
* Mentalidade de Crescimento: Inteligência/habilidade é mutável; o sucesso advém do esforço e leva a metas de domínio [28](#page=28).
* **Relação com Atribuições:** As mentalidades relacionam-se com as dimensões de controlabilidade e estabilidade das atribuições [28](#page=28).
* **Tipos de Metas:**
* Metas de Domínio: Foco em dominar o conteúdo, aprender novas habilidades e obter compreensão profunda. Associadas à mentalidade de crescimento [28](#page=28).
* Metas de Desempenho: Associadas à mentalidade fixa [28](#page=28).
* De aproximação: Foco em parecer inteligente e superar os outros [28](#page=28).
* De evitação: Foco em evitar parecer incompetente ou cometer erros [28](#page=28).
> **Tip:** Diferentes teorias oferecem "lentes" distintas para analisar as dimensões, contextos ou resultados da motivação [28](#page=28).
---
## Erros comuns a evitar
- Revise todos os tópicos cuidadosamente antes dos exames
- Preste atenção às fórmulas e definições chave
- Pratique com os exemplos fornecidos em cada seção
- Não memorize sem entender os conceitos subjacentes
Glossary
| Termo | Definição |
|---|---|
| Emoção | Reação intensa e breve a estímulos específicos, composta por componentes fisiológicos, cognitivos, comportamentais, motivacionais e de experiência subjetiva. As emoções são automáticas, orientadas para a ação, possuem valência e intensidade, e podem ser públicas ou privadas. |
| Sentimento | Experiência subjetiva, mental e privada das emoções. Podem ser conscientes ou não, persistem por mais tempo e influenciam o modo como agimos, sendo interpretações do estado emocional. |
| Humor | Um estado emocional mais duradouro e difuso, que influencia o comportamento e a perceção ao longo do dia, sem estar diretamente ligado a um estímulo específico. |
| Arousal/Ativação | Uma das dimensões contínuas das emoções, que descreve o grau de excitação ou ativação que uma pessoa sente em relação a um estímulo, variando de baixa a elevada. |
| Valência | Uma das dimensões contínuas das emoções, que indica o grau de prazer que uma pessoa sente em relação a um estímulo, podendo ser positiva (prazerosa) ou negativa (desagradável). |
| Sistema Nervoso Autónomo (SNA) | Parte do sistema nervoso responsável pelo controle das funções corporais involuntárias, como batimentos cardíacos, digestão e respiração, sendo ativado em respostas emocionais. |
| Amígdala | Estrutura cerebral fundamental no processamento do medo e na formação de memórias emocionais. É crucial para a avaliação rápida da valência emocional de estímulos e para o condicionamento do medo. |
| Hipocampo | Estrutura cerebral essencial para a formação de memórias explícitas e contextuais, incluindo memórias de eventos emocionais. Auxilia na ligação entre emoção e recordação ao fornecer contexto. |
| Giro do cíngulo | Parte do sistema límbico envolvida na experiência subjetiva das emoções, na regulação emocional e na avaliação da valência. Faz a ponte entre emoção e cognição. |
| Condicionamento Clássico | Um processo de aprendizagem onde uma resposta involuntária é adquirida através da associação entre um estímulo neutro e um estímulo incondicionado que naturalmente evoca uma resposta. |
| Estímulo Incondicionado (UCS) | Um estímulo que, por si só, evoca uma resposta incondicionada sem necessidade de aprendizagem prévia. |
| Estímulo Condicionado (CS) | Um estímulo neutro que, após ser associado repetidamente a um estímulo incondicionado, passa a evocar uma resposta condicionada. |
| Resposta Condicionada (RC) | Uma resposta aprendida a um estímulo condicionado, que se assemelha à resposta incondicionada originalmente evocada pelo estímulo incondicionado. |
| Condicionamento Instrumental | Tipo de aprendizagem onde a probabilidade de um comportamento ocorrer é alterada pelas suas consequências. Comportamentos seguidos por reforços tendem a ser repetidos, enquanto os seguidos por punição tendem a diminuir. |
| Reforço | Uma consequência que aumenta a probabilidade de um comportamento se repetir. Pode ser positivo (adição de algo agradável) ou negativo (remoção de algo aversivo). |
| Punição | Uma consequência que diminui a probabilidade de um comportamento se repetir. Pode ser positiva (adição de algo aversivo) ou negativa (remoção de algo agradável). |
| Aprendizagem Latente | Aprendizagem que ocorre sem manifestação imediata de comportamento ou reforço direto, permitindo a aquisição de conhecimento que pode ser utilizado posteriormente. |
| Aprendizagem por Observação (Vicariante) | Processo de aprendizagem onde um indivíduo aprende ao observar as ações e as consequências que acontecem a outros, sem necessitar de experimentar diretamente. |
| Autoeficácia | A crença de um indivíduo na sua própria capacidade de realizar com sucesso uma tarefa ou alcançar um objetivo específico. |
| Motivação Intrínseca | Motivação impulsionada por fatores internos ao indivíduo, como interesse pessoal, satisfação e prazer na própria atividade, sem necessidade de recompensas externas. |
| Motivação Extrínseca | Motivação impulsionada por fatores externos ao indivíduo, como recompensas, reconhecimento ou a evitação de punições. |
| Teorias de Auto-Determinação | Teoria que postula que o desempenho e o bem-estar ideais resultam de ações motivadas por interesses intrínsecos ou por valores extrínsecos internalizados, focando nas necessidades de autonomia, competência e relacionamento. |
| Teoria da Expectativa-Valor | Explica a motivação para uma tarefa como uma função da expectativa de sucesso do indivíduo e do valor que ele atribui à tarefa. |
| Teoria da Atribuição | Estuda como as pessoas explicam as causas dos seus sucessos e fracassos, e como essas explicações (atribuições) influenciam as suas emoções e motivação futura. |
| Metas de Domínio | Foco em aprender, dominar novas habilidades e obter compreensão profunda de um conteúdo, associadas a uma mentalidade de crescimento. |
| Metas de Desempenho | Foco em parecer inteligente, superar os outros ou evitar parecer incompetente, associadas a uma mentalidade fixa. |